1984

outubro 09, 2020



1984 é uma distopia escrita por George Orwell em 1949 e um dos inspiradores do reality show Big Brother, quer saber porque? Leia essa resenha para descobrir! 

Eu fiz a leitura coletiva do livro em setembro no clube leitura orgânica e foi uma experiência muito incrível, porque cada pessoa trouxe sua própria experiência e vivencia de mundo o que ajuda a interpretar melhor essa distopia. 

Já contei aqui que eu tenho uma teoria de que quem escreve distopia viajou para o futuro e voltou com um alerta e durante a leitura de 1984 podemos observar algumas coisas "atuais" e outras que ainda são um alerta. 

Sinopse

Imagine um cenário onde você é observado 24 horas por dia, suas expressões faciais, suas conversas, sua casa, tudo monitorado por teletelas (como se fossem televisões que além de transmitir imagens também nos monitoram) te lembra alguma coisa? Instrumentos que o próprio governo instala nas ruas e nas casas. Eu já estaria ferrada nesse cenário, meu controle de expressão facial é nulo. 

Nessa realidade o governo controla TUDO, até mesmo a utilização dos elevadores e manutenções dos prédios. 

Esse é o cenário de 1984, uma realidade pós segunda guerra mundial, que se passa na pista de pouso 1 (antiga Grã-Bretanha). Acompanhamos o romance através do personagem Winston, um homem comum, funcionário público cuja função é reescrever a história de forma a colocar os líderes de um país fictício sob uma luz positiva.

Winston, contudo, não aceita bem essa realidade, que se disfarça de democracia, e vive questionando a opressão que o Partido e o Grande Irmão exercem sob a sociedade. Ele fica tentando se lembrar de como as coisas eram antes da grande guerra, porém sem sucesso, afinal de contas ele era pequeno e a história já foi reescrita tantas vezes que fica complicado saber o que é real ou não. 

Contexto histórico 

1984 assim como Fahrenheit 451 foi escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, o autor viveu a censura feita pelo estado nazista e em uma época em que a comunicação em massa estava crescendo. 
O livro é considerado um clássico moderno. Ele questiona, de diversas formas e em vários momentos, os excessos delirantes do poder. Além disso, embora tenha sido publicado em 1949, mostra-se muito atual ao tratar de questões atemporais, que atingem todos que o leem, independentemente da idade, sexo, cor ou classe social. É por esses motivos, dentre outros, que “1984” é tido como um livro indispensável para o entendimento da história moderna e é altamente recomendado para empresários, funcionários de diferentes segmentos e universitários de diversos cursos. O livro não é só uma crítica ao totalitarismo, mas também um alerta sobre o nível de submissão dos indivíduos.

Sobre o autor


George Orwell (1903-1950) é o pseudônimo de Eric Arthur Blair, escritor e jornalista inglês, nascido em Motihari, na Índia Britânica, em 1903. 

Ainda estudante, ele publicou seus primeiros textos no periódico da escola, foi aluno de francês de Aldous Huxley autor de Admirável mundo novo

Em 1922, George Orwell alistou-se na Polícia Imperial da Índia e foi para a Birmânia (hoje Myanmar), onde serviu durante cinco anos, até pedir demissão.

Entre 1928 e 1929 vagou pela França e Inglaterra e começou a escrever os primeiros rascunhos de sua primeira obra “Sem Eira Nem Beira em Paris e Londres.” que foi publicado em 1933 e contou com a ajuda da brasileira Mabel Lilian Sinclair Fierz.

O autor era declaradamente simpatizante do socialismo. 
“Tornei-me pró-socialista mais por desgosto com a maneira como os setores mais pobres dos trabalhadores industriais eram oprimidos e negligenciados do que devido a qualquer admiração teórica por uma sociedade planificada”.
Em 1944, escreveu que "a palavra 'fascismo" é quase inteiramente sem sentido... quase qualquer inglês aceitaria 'valentão' como sinônimo de 'fascista'", nesse sentido, também descreveu a palavra como algo que já não tem qualquer significado, exceto para significar algo não desejável. 

Ele participou ainda da Guerra civil espanhola e criticou a atitude comunista em seu livro "Lutando na Espanha".

Em 1943, engajado nos movimentos socialistas, foi nomeado diretor literário do periódico socialista “Tribune”, para o qual escreveu numerosos artigos e ensaios.

A admiração literária de George Orwell se consolidou com a publicação de “A Revolução dos Bichos”, uma brilhante fábula satírica inspirada na traição da revolução soviética e seus próprios ideias, uma das publicações mais vendidas no século XX.

Obras:

Romances 

Dias na Birmânia
A Filha do Reverendo
Mantenha o Sistema/Moinhos de Vento/A Flor da Inglaterra
Um Pouco de Ar, Por Favor!
A Revolução dos Bichos 
1984

Baseadas em experiências pessoais

Na Pior em Paris e Londres 
A Caminho de Wigan
Lutando na Espanha


Minhas impressões

Esse é um daqueles livros que conseguimos formar diversos paralelos com a realidade atual, embora o autor fosse socialista criou uma obra que critica uma versão extremamente totalitária do socialismo, chegamos a conclusão durante a discussão do clube que ele faz isso como um alerta as coisas que ele acreditava que poderiam desvirtuar o movimento. 

Separei alguns pontos que me chamaram atenção e queria dividir aqui: 

Paradoxo sobre os ministérios: 

O ministério da verdade garantia que a verdade seria aquela que o partido quisesse que fosse, responsável pelas notícias, entretenimento, educação e belas artes. 
O ministério da paz cuidava dos assuntos da guerra. 
O ministério do amor cuida de assuntos como tortura. 
O ministério da Pujança ou Abundância cuida dos assuntos econômicos, mas os itens estavam sempre escassos.

Fuga da realidade 

Assim como em Admirável mundo novo existia uma droga, neste caso o Gin que o personagem utilizava para fugir da realidade e entrar em um estado de anestesia. 

Minutos de ódio

Em 1984 vivemos um cenário de guerra eterna, afinal segundo o lema do partido: 

"Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força" 

Nesses 2 minutos de ódio e depois na semana do ódio, os participantes são incentivados a gritar, atirar objetos e linchar o objeto de ódio: Goldstain o inimigo do partido. 

Quase um twitter em dia de cancelamento. 

Nova Fala 

Uma das agendas do governo é utilizar cada vez menos palavras, uma das metas é diminuir a cada ano o número de palavras do vocabulário da Oceânia, como uma forma de controle da população. 
"Se o pensamento corrompe a linguagem, a linguagem também pode corromper o pensamento."

Além disso o partido aplicava o conceito de duplipensamento "Pensamento duplo indica a capacidade de ter na mente, ao mesmo tempo, duas opiniões contraditórias e aceitar ambas. 

Uma outra forma de acabar com a individualidade das pessoas era classificar todos os indivíduos como "camaradas" acabando com a identificação de sexo e todos precisavam vestir um macacão unisex e maquiagem era proibido. 

Enquanto eu estava lendo o livro recebi um vídeo explicando sobre a linguagem neutra que estão tentando aplicar aqui no Brasil e não pude deixar de fazer um paralelo com esses dois conceitos do livro. 

Núcleo familiar 

Assim como em Admirável mundo novo o núcleo familiar não é como conhecemos hoje, porém se em Admirável mundo novo as relações sexuais eram incentivadas, em 1984 elas eram apenas para fins de procriação, afinal essa energia da tensão sexual era um componente para os minutos de ódio e para a guerra infinita. 

Em 1984 a família ainda existe, as pessoas são estimuladas a gostar dos filhos quase que nos moldes de hoje em dia, porém as crianças eram colocadas contra os pais e aprendiam a espiona-los dentro de casa e a relatar os seus desvios, isso era possível porque a educação estava 100% nas mãos do partido. Nessa parte me lembrei do alerta feito no livro Direitos máximos, deveres mínimos  onde o autor coloca que é muito fácil empregar uma ideologia conveniente ao governo quando é ele quem diz o que será aprendido no curriculo escolar. 

Teletelas da atualidade 

Uma das coisas que me incomodou profundamente no começo da leitura foi a sensação de ser observado o tempo todo pelas teletelas, elas inspiraram a criação do reality show Big Brother, onde os participantes são vigiados 24 hrs por dia o tempo todo e até leva o nome do Grande irmão. 

Porém durante a discussão do clube do livro, notamos que já somos vigiados no nosso dia a dia, pelas redes sociais e gagets que utilizamos o tempo todo, siri, alexa, google nest e diversos outros, monitoram o que acessamos na internet, o que compramos etc. Sim isso trás muitos pontos positivos, mas não pude deixar de ficar com um medinho de uma teoria da conspiração. 

Para concluir não acho que estamos na sociedade de 1984, estamos conectados com pessoas do mundo todo, temos acesso a informação em tempo real do que acontece em outros locais. Sim, é difícil as vezes discernir o que é verdade e o que é fakenews, mas a lição que eu tirei é que enquanto nós mantermos nossas características que nos tornam humanos e únicos, como relações afetivas, empatia e individualidade, fica difícil chegar a esse cenário. 

Espero que tenha gostado da analise do livro! Se você já leu o livro me conta o que achou! Se não leu, aproveita e já compra ele aqui



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