Fahrenheit 451 - A primeira escolha do Clube do Livro Maringá
agosto 18, 2020
Sinopse
Acontecimentos que fazem o Montag repensar o sistema
Simbologia
Contexto histórico
Sobre o autor
Minhas impressões
"Clássicos reduzidos para se adaptarem a programas de radio de quinze minutos, depois reduzidos novamente para uma coluna de livros de dois minutos de leitura, e, por fim encerrando-se em um dicionario, num verbete de doze linhas"
O quanto disso não vemos nos dias de hoje? Pessoas que acham estranho quem prefere o livro ao filme ou a série, pessoas que não cultivam o hábito da leitura? Ou ainda, as pessoas que leem apenas a manchete e saem disseminando fake news?
Um outro trecho do livro que mostra um pouco do que vivemos hoje, o imediatismo, a falta de interesse em aprender algo fora da caixa, afinal aprender demanda tempo e tempo é artigo de luxo.
“a escolaridade é abreviada, a disciplina relaxada, gramática e ortografia pouco a pouco negligenciadas e, por fim, quase totalmente ignoradas. A vida é imediata, o emprego é que conta, o prazer está por toda parte depois do trabalho. Por que aprender alguma coisa além de apertar botões, acionar interruptores, ajustar parafusos e porcas?"
Mas a revelação na minha opinião mais chocante é que as pessoas do mundo criado por Ray Bradbury abriram mão de se expressar e ser pensar diferente para evitar conflitos.
"Quanto maior a população, mais minorias. Não pise no pé dos amigos dos cães, dos amigos dos gatos, dos médicos, advogados, comerciantes, patrões, mórmons.... Lembre-se Montag, quanto maior o seu mercado, menos você controla a controvérsia! Todas as menores das menores minorias querem ver seus próprios umbigos, bem limpos"
"Autores cheios de maus pensamentos, tranquem suas máquinas de escrever! Eles o fizeram. As revistas se tornaram uma mistura insossa. Os livros, assim diziam os malditos críticos esnobes, eram água de louça suja. Não admira que parassem de ser vendidos, disseram os críticos. Mas o público, sabendo o que queria, com a cabeça no ar, deixou que as histórias em quadrinhos sobrevivessem. E as revistas de sexo em 3-D, é claro. Aí está, Montag. A coisa não veio do governo. Não houve nenhum decreto, nenhuma declaração, nenhuma censura como ponto de partida. Não! A tecnologia, a exploração das massas e a pressão das minorias realizaram a façanha, graças a Deus. Hoje, graças a elas, você pode ficar o tempo todo feliz, você pode ler quadrinhos, as boas e velhas confissões ou os periódicos profissionais”
“Você precisa entender que nossa civilização é tão vasta e agitada que não podemos permitir que nossas minorias sejam transtornadas e agitadas. Pergunte a si mesmo: O que queremos neste país, acima de tudo? As pessoas querem ser felizes, não é certo? Não foi o que você ouviu durante toda a vida? Eu quero ser feliz, é o que diz todo mundo. Bem, elas não o são? Não cuidamos para que sempre estejam em movimento, sempre se divertindo? É para isso que vivemos, não acha? Para o prazer, a excitação? E você tem de admitir que nossa cultura fornece as duas coisas em profusão”
“Os negros não gostam de Little Black Sambo. Queime-o. Os brancos não se sentem bem em relação à Cabana do pai Tomás. Queime-o. Alguém escreveu um livro sobre o fumo e o câncer de pulmão? As pessoas que fumam lamentam? Queimemos o livro. Serenidade, Montag. Paz, Montag. Leve sua briga lá para fora. Melhor ainda, para o incinerador. Os enterros são tristes e pagãos? Elimine-os também. Cinco minutos depois que uma pessoa morre, ela está a caminho do Grande Crematório, os incineradores atendidos por helicópteros em todo o país. Dez minutos depois da morte, um homem é um grão de poeira negra. Não vamos ficar arengando os in memorian para os indivíduos. Esqueça-os. Queime tudo, queime tudo. O fogo é luminoso e o fogo é limpo”
A primeira coisa que me vem na cabeça lendo esses trechos é a cultura do cancelamento que estamos vivendo hoje em dia, parece que na cabeça das pessoas que cancelam as outras se passa o seguinte ponto "tudo que é contrário a minha bolha ou ao que eu concordo? Não presta e não deveria existir" mas quem determina qual é o julgamento correto ou não?
Espero que no nosso caso ao invés de jogar fogo ou cancelar o que não concordamos, tomemos a atitude de dar espaço a conversas respeitosas, trocas de experiências e a valorização do senso crítico, pois só assim poderemos evoluir como sociedade.
Um vídeo muito legal que fala sobre isso é o "How Fahrenheit 451 Predicted Fake News – How Did We Get Here?" para assistir clique aqui, ele esta em inglês.
Se você já leu o livro me conta o que achou! Se não leu, aproveita esse material de apoio com curiosidades, pontos principais e espaço para anotações, que foi elaborado pelo Clube do livro Maringá!
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