O médico e o Monstro - Robert Louis Stevenson

maio 04, 2021

     




Esse foi o livro de abril do Clube do LivroMaringá, um livro curtinho, mas que gerou uma conversa bem legal!

 

O médico e o Monstro foi escrito por Robert Louis Stevenson em 1886. O livro é classificado como terror embora não seja nada assustador.  No livro acompanhamos a história através de Gabriel John Utterson, um advogado da alta classe de Londres que em uma conversa com um amigo descobre fatos assustadores sobre um Sr. Edward Hyde, que até então ele conhecia apenas de nome, como o único beneficiado no testamento de seu amigo Henry Jekyll.

O advogado acha muito estranho e começa a pesquisar mais sobre esse relacionamento e acabada descobrindo então acontecimentos que resultam na reclusão repentina de Jekyll. O romance que envolve ficção científica, transtornos psicológicos e terror é um grande clássico do gênero.

 

Minha experiência com o livro:

A edição que eu li da editora principis possui 94 páginas então foi uma leitura rápida e fácil, eu já conhecia a ideia da história por conta de filmes que já havia visto e pela série Once Upon a Time baseada em contos de fadas, mas isso não prejudicou a leitura porque eu não sabia exatamente como os eventos iriam acontecer. Porém mais legal do que a leitura em si, foi a reunião do clube onde descobri algumas curiosidades sobre o autor e o livro.

 

Cuidado com o spolier!

 

No livro descobrimos que Henry Jekyll ao tentar separar as partes boas e más do ser humano, criou uma droga que deu origem a Edward Hyde, ou seja, eles são a mesma pessoa. Essa dualidade de Ego e Sombra é até hoje estudada nos campos da psicologia e inspirou diversas obras modernas como Hulk, o Clube da Luta, Fragmentado, A Fera do X-man e até mesmo o Professor Aloprado como uma versão mais caricata.

Outro fato interessante é que o autor não descreve precisamente Hyde ele escolhe palavras como atarracado e grotesco, mas não temos informações precisas sobre isso, deixando para o leitor imaginar como seria essa sombra. Além disso Hyde é retratado como menor que Jekyll porque é o lado que não foi desenvolvido o lado reprimido e que vai ganhando força conforme ele usa a medicação.

A escolha de palavras para os nomes do médico e do monstro também foram bem pensadas (Hyde = esconder) e (Jenkyll = é um sobrenome derivado de Judicaël, que vem dos elementos "Senhor, Príncipe" e "generosa", foi o nome de um Rei bretão do século VII, também considerado como um Santo) reforçando ainda mais a dualidade dos personagens.

A obra marcou ficou tão conhecida que virou uma expressão na língua inglesa, quando se usa “Jekyll and Hyde” para se referir a alguém significa que a pessoa possui duas personalidades distintas, um bem, o outro mal.

Carl Jung, fundador da psicologia Junguiana (Se você não conhece, mas se interessa pelo assunto dá uma olhada nesse postsobre Mulheres que correm com os lobos) se na dualidade do personagem, chegando à conclusão que não se trata apenas de mostrar que existem o bem e o mal no homem, mas sobre separar o que é socialmente aceitável (bom) do que não é bem visto pela sociedade (mau). Ou seja, os nossos conceitos de bom ou mau têm relação direta com o que os outros esperam de nós. A psicologia junguiana trabalha através de arquétipos e para ela Hyde seria uma sombra, ou seja, o lado mais tenebroso do “eu” inconsciente. Seriam os aspectos inferiores e menos agradáveis da nossa personalidade, que desejamos reprimir na frente dos outros. Esta “sombra” sempre contradiz os valores morais sustentados pela nossa personalidade social. É quase como se Hyde fosse o escape que Jekyll precisava para liberar o que ele tanto reprimia. O elixir era apenas uma desculpa para isso.

E aqui eu trago uma adição pessoal: A sombra nem sempre é algo ruim, mau, pode ser algo não aceitável na sociedade que você está inserido por exemplo se você é uma pessoa muito artística em uma família tradicional, talvez você coloque seu lado artístico na sombra e reprima ele.

Além disso o remédio que servia como escape para a aparição do Hyde no começo pode ser relacionado ao álcool ou outras drogas, afinal quem nunca bebeu além da conta e extravasou algo que estava entalado precisando sair? (Eu tenho uma regra: nunca beba com um problema na cabeça, porque já fiz muito isso!)        

 

Sobre o autor:

Robert Louis Stevenson, nasceu em Edimburgo – Escócia em 1850, foi um influente novelista, poeta e escritor de roteiros de viagem britânico. Escreveu clássicos como A Ilha do Tesouro, O Médico e o Monstro e As Aventuras de David Balfour. É até hoje considerado um dos mais importantes escritores britânicos do século XIX e está entre os autores mais traduzidos em todo o mundo.

Ele viveu a fama em vida, 1 ano após a publicação de o Médico e o Monstro o livro já havia vendido mais de 40 mil exemplares e possuía adaptação para o teatro.

Eu gostei da experiência da leitura e dos fatos por trás do livro! Espero que te estimule a ler ele também ou pelo menos refletir o que você tem colocado na sombra para que ela não ganhe força e assuma o controle!

 

Brincadeiras à parte, em breve eu volto!

 

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